Gestão Laurez: Arrecadação do Tocantins despenca 30% nos dois meses de gestão Laurez e cria crise econômica
- Wasthen Menezes

- há 2 dias
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Desde que o governador interino Laurez Moreira assumiu o comando do Executivo estadual, em 3 de setembro de 2025, a economia do Tocantins mergulhou em uma espiral de desaceleração inesperada. Em menos de 80 dias, o estado viu desmoronar indicadores que vinham sustentando um ciclo de crescimento estável ao longo da gestão anterior, de Wanderlei Barbosa.
Dados oficiais de execução orçamentária, relatórios fiscais e levantamentos setoriais apontam um colapso na arrecadação própria: nos meses de setembro e outubro, a receita corrente líquida do estado recuou cerca de 30% em comparação com o bimestre anterior. A queda foi acompanhada por uma política de contenção agressiva — com represamento de pagamentos, exonerações em massa e um discurso público de “quebra” do Estado que, segundo analistas, intensificou a crise em vez de contê-la.
O resultado? Um clima de profunda insegurança econômica, que já reverbera nos setores de comércio, serviços, construção civil e indústria — e ameaça comprometer até o desempenho do fim de ano, tradicionalmente o mais aquecido do calendário econômico.
Antes de Laurez: crescimento sólido e previsibilidade
Até agosto, o Tocantins colhia os frutos de uma gestão marcada por equilíbrio fiscal e diálogo com o setor produtivo. Os indicadores eram inequívocos:
- Curva ascendente na arrecadação, impulsionada pelo desempenho do ICMS e pela recuperação do consumo;
- Expansão industrial de 3,2% até setembro, segundo dados do IBGE e da Fieto, acima da média regional;
- Pagamento em dia de salários e fornecedores, mantendo a liquidez da economia local;
- Certidões positivas junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com avanços significativos no Cadastro de Órgãos e Entidades da Administração Pública (Capag);
- Ambiente de previsibilidade, capaz de atrair investimentos e reforçar a confiança de empresários.
Esse cenário, fruto de escolhas técnicas e de governança, colocava o Tocantins entre os estados do Norte com melhor desempenho econômico em 2025.
A virada brusca sob a gestão Laurez
A partir de setembro, tudo mudou — e não por fatores externos. Enquanto a economia nacional segue em ritmo moderado de recuperação, o Tocantins registra o maior recuo da região Norte em arrecadação própria, segundo levantamento da Firjan.
A queda de 30% na receita corrente se deve, em grande parte, à paralisação do fluxo de pagamentos públicos. Contratos já liquidados estão sem repasse, fornecedores aguardam há semanas (e em alguns casos, meses) pelos valores devidos, e obras de pequeno e médio porte foram paralisadas por falta de repasse.
Empresários relatam que, com o Estado deixando de injetar recursos na economia, o giro do dinheiro desacelerou drasticamente. “Antes, a cada pagamento do governo, havia um efeito multiplicador no comércio local. Agora, o caixa está seco”, diz um empresário do setor de materiais de construção, sob condição de anonimato.
Exonerações e discurso de “quebra” agravam a crise
Paralelamente, o governo interino promoveu centenas de exonerações, especialmente em áreas estratégicas como Educação, Assistência Social e Infraestrutura. Embora justificadas como ajustes fiscais, as medidas geraram efeitos colaterais graves:
- Queda no consumo das famílias que dependiam desses rendimentos;
- Sobrecarga de servidores efetivos, impactando a qualidade dos serviços públicos;
- Aumento da desconfiança entre a população e o poder público.
Agravando o cenário, declarações reiteradas do governador interino de que “o estado está quebrado” foram interpretadas pelo mercado como um sinal de alerta máximo — e não como justificativa técnica.
“Esse tipo de narrativa destrói expectativas. Quando o próprio governador diz que o Estado não tem dinheiro, os empresários param de investir, os consumidores deixam de gastar e os investidores fogem. É um círculo vicioso autodestrutivo”, afirma um economista ligado a entidades empresariais, que pede para não ser identificado.
O que os próximos meses reservam?
Caso a atual trajetória se mantenha, analistas apontam riscos concretos para os próximos meses:
- Queda ainda mais acentuada no ICMS, já que a expectativa de retração inibe vendas;
- Desaceleração do setor de serviços, historicamente sensível à insegurança fiscal;
- Comércio prejudicado na reta final do ano, com possibilidade de fechamento de lojas;
- Fuga de investimentos de curto e médio prazo, inclusive de empresas que já tinham planos de expansão no estado;
- Arrecadação própria no início de 2026 em patamar crítico, comprometendo até o pagamento de salários.




Tá difícil