Dorinha sem paixão política: quando o projeto pessoal fala mais alto que a construção coletiva
- Wasthen Menezes

- 18 de ago.
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O áudio atribuído à senadora Professora Dorinha (União Brasil), que circulou nesta semana, expôs mais do que divergências internas: mostrou a frieza da parlamentar diante de aliados históricos e a centralidade do seu próprio projeto de poder.
Na gravação, Dorinha afirma não ter “paixão” pela candidatura de Vicentinho Júnior (PP) nem pela de Carlos Gaguim (União Brasil). Dois líderes de peso na política tocantinense são simplesmente descartados, como se fossem peças descartáveis de um tabuleiro em que apenas a sua candidatura importa. Se política é, antes de tudo, acreditar em nomes e projetos, a fala soa como um sinal de descompromisso com a própria aliança que ela tenta costurar.
Mais do que isso, Dorinha pressiona para que a chapa não seja “pura” e cobra a entrada do senador Eduardo Gomes (PL), mesmo sabendo que Gomes tem caminhado junto ao governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Se Gomes embarcar nessa, significará um rompimento com o grupo palaciano e um gesto de traição ao governador, que tem dado sinais claros de que apoiará o deputado Amélio Cayres como seu candidato à sucessão.
O contraste é evidente: enquanto Wanderlei Barbosa colhe aprovação de quase 80% dos tocantinenses, segundo levantamento da Paraná Pesquisas, Dorinha tenta construir uma via própria à base de críticas ao governador e da imposição de sua candidatura. Desde o início, ela se coloca como “o nome”, não abre espaço para composições reais e demonstra que, para além das alianças, o que prevalece é a centralidade do seu projeto pessoal.
Nesse contexto, fica a pergunta: até que ponto uma candidatura sem paixão pelos próprios aliados, sustentada apenas pela ambição individual, pode resistir ao peso da política real, onde lealdade e confiança ainda contam mais do que números frios de pesquisa?
Dorinha lidera corrida ao governo com 36,6% das intenções de voto, segundo a Paraná Pesquisas, mas enfrenta dilemas políticos: enquanto o governador Wanderlei Barbosa tem 79,7% de aprovação e deve apoiar Amélio Cayres, a senadora insiste em um projeto centrado em si mesma, descartando aliados e tentando atrair Eduardo Gomes para sua chapa.




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