Diário Oficial Desmente Versão Inicial: Governo do Tocantins Corrige Exoneração de Ex-Secretário Após Controvérsia
- Wasthen Menezes

- há 3 dias
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Palmas, TO – Uma retificação publicada no Diário Oficial do Estado do Tocantins (DOE) desta sexta-feira (15) forneceu a prova documental de uma crise política e administrativa no governo estadual. O ato corrige a natureza da exoneração do ex-secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Carlos Humberto Lima, o Beto Lima, confirmando a versão do ex-gestor de que sua saída foi uma decisão do governador em exercício, Laurez Moreira, e não um pedido pessoal.
A controvérsia teve início com a publicação do Ato nº 2.965 - EX, na edição nº 6.940 do DOE, de 13 de novembro de 2025. Nele, a exoneração de Beto Lima era registrada com a fórmula “Exonerar, a pedido”. A expressão, comum em desligamentos consensuais, foi imediatamente rechaçada pelo ex-secretário, que divulgou nota pública negando ter solicitado o desligamento e atribuindo a decisão ao Palácio Araguaia.
A pressão pública e a contestação do ex-secretário, que é um aliado do governador afastado Wanderlei Barbosa, forçaram o governo a recuar. Na edição subsequente do Diário Oficial (nº 6.941), o Ato nº 2.980 - RET foi publicado com o objetivo de retificar o texto. Onde se lia “Exonerar, a pedido”, passou a constar apenas “Exonerar”.
A mudança, aparentemente sutil, possui um peso político significativo. A retificação oficializa que a saída de Beto Lima foi uma decisão unilateral do Poder Executivo, e não uma iniciativa do próprio secretário. Para analistas políticos, o episódio revela uma tentativa inicial do governo de Laurez Moreira de mascarar uma demissão política como um desligamento voluntário, o que levanta questionamentos sobre a transparência dos atos administrativos.
Contexto de Instabilidade
O caso de Beto Lima não é isolado e ocorre em um momento de alta instabilidade política no Tocantins. A exoneração do ex-secretário, assim como a de Odilon Coelho Lima Júnior (Secretário de Parcerias e Investimentos), aconteceu logo após a Operação Nêmesis, deflagrada pela Polícia Federal, que apura a tentativa de obstrução das investigações da Operação Fames-19.
A reportagem do AF Notícias destacou que Beto Lima, apesar de negar envolvimento, foi citado nos documentos da PF como um aliado próximo ao grupo político de Wanderlei Barbosa. A demissão, portanto, é vista como parte de um movimento de “desmonte” da equipe ligada ao governador afastado, promovido pela gestão interina de Laurez Moreira.
A alta rotatividade de pessoal em cargos de confiança, evidenciada pela série de nomeações e exonerações nas primeiras páginas do Diário Oficial, somada à necessidade de retificar atos para corrigir a versão oficial dos fatos, reforça a percepção de um cenário de turbulência e falta de planejamento na gestão de pessoal do Estado.
A retificação no DOE, que deveria ser um mero ajuste burocrático, transformou-se em um documento comprobatório da versão do ex-secretário e em um novo ponto de crítica à condução política do governo em exercício.




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