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Merenda milionária, fome de transparência: o escândalo de R$ 33,6 mi em Palmas e a herança sombria da “máfia da merenda” no Brasil”


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Merenda contra o povo — e contra o futuro


Palmas acaba de entrar para a galeria das prefeituras sob suspeita de corrupção com causa nobre: a alimentação escolar. Uma contrato emergencial de R$ 33,6 milhões para merenda escolar, sem licitação, está sob investigação por superfaturamento, ausência de justificativa para a dispensa e falhas de transparência, segundo o TCE-TO.


Mais grave: o contrato quase dobrou o orçamento previsto para merenda na cidade (R$ 18,5 milhões), e itens básicos foram cotados a patamares exorbitantes — exemplo: pacote 500 g de flocos de arroz avaliado em R$ 41,30, enquanto o preço de mercado gira entre R$ 3 e R$ 4. O poder público nomeia “emergência” para acelerar contratações, mas a aula já era conhecida — o ano letivo sempre existe. A “emergência” virou cortina de fumaça.


A secretária de Educação Anice de Souza Moura e outros gestores foram formalmente citados e têm prazo para defesa. Contudo, a suspeita é de que, para além dos nomes, o padrão de operação é o mesmo que assola o país: favorecimento, cartas marcadas, superfaturamento e omissão de controle.


Ecos de um país marcado pela “máfia da merenda”


O escândalo em Palmas não é exceção — é parte de um padrão que já ganhou nome nacional: a Máfia da Merenda.


Exemplos a não esquecer:


  • Operação Alba Branca (São Paulo, 2016) — cooperativas de agricultura familiar foram acusadas de cartel para fraudar licitações de merenda em dezenas de municípios paulistas, manipulando preços e beneficiando empresas ligadas ao esquema.


  • Operação Gabiru (Alagoas, 2005) — investigação da Polícia Federal que revelou desvios de recursos federais do FNDE em municípios alagoanos no fornecimento de merenda escolar. O prejuízo estimado: R$ 150 milhões.


  • Caso Santa Catarina / contratações terceirizadas — auditoria do Tribunal de Contas do Estado encontrou falhas no cumprimento da lei que exige 30% de compra da agricultura familiar, superfaturamento e omissão de controle.


  • Prefeitura de Manaus — denúncia de superfaturamento em licitação de alimentos para merenda escolar, com indícios de conluio entre empresas.


  • Sergipe — reportagens revelaram fraudes em contratos de merenda em municípios do estado, desencadeando investigação estadual.


Esses casos têm em comum: fragilidade institucional, poder local que age com proteção política, e um mecanismo de contratação que concentra poder nas mãos de poucos.


Porque esse caso é “mais um — mas potencialmente maior”


  1. Escala financeira: R$ 33,6 milhões é valor expressivo para uma cidade; desafia lógica orçamentária.

  2. Contratação emergencial: o uso da dispensa legal como mecanismo sistemático de bypass das normas de licitação — típico em casos de corrupção.

  3. Descompasso com o planejamento: emergência não pode ser desculpa para má gestão crônica.

  4. Falta de controle local: empresas sem sede no município ou no estado geram risco logístico, mas também menos vinculação política local.

  5. Portas abertas para cartel e conluio: cláusulas de edital que favorecem grupos específicos, ausência de concorrência real e superfaturamento são ingredientes repetidos em esquemas.


Se essa investigação for conduzida com isenção — e com pressão social — poderá servir como marco para endurecimento da fiscalização do uso de recursos públicos em alimentação escolar.


Convocação à sociedade e ao controle


  1. Fiscalização social intensa — conselhos escolares, pais, entidades civis: exijam detalhamento do contrato, planilhas, notas fiscais e controle.

  2. Ministério Público de Contas e MP estadual — não podem admitir investigação “morna” ou arquivamento sem completas respostas.

  3. Tribunal de Contas e instâncias superiores — auditar os casos de superfaturamento, exigir ressarcimento, aplicar sanções firmes.

  4. Imposição de transparência — que se publique em portal da transparência item a item do contrato emergencial, com preços comparados ao mercado.

  5. Pressão política — legislativo local deveriam abrir CPI ou comissão especial para apuração, inclusive responsabilização política.


Um alerta final


O escândalo em Palmas é o espelho distorcido de um mal estrutural no Brasil: quando se mexe com a merenda de crianças, o impacto social transcende números. É sobre dignidade, direito básico e futuro. É preciso mais do que auditagem: é hora de ruptura.

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Palmas precisa tomar direção.

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