Irajá Abreu terá apontado uma escopeta contra sua própria vaga?

O afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) por 180 dias, determinado pelo STJ, mudou radicalmente o tabuleiro político no Tocantins. Com Laurez Moreira (PSD) exercendo o governo interinamente, o que parecia ser o fim da linha para Wanderlei pode, na verdade, abrir caminho para seu retorno triunfal na disputa pelo Senado em 2026.

Mesmo afastado, Wanderlei carrega uma popularidade altíssima, registrada entre 76,7 % e quase 80 % de aprovação em pesquisas recentes. Se conseguir manter sua elegibilidade, ele passa a ser um nome fortíssimo para o Senado — e esse cenário ameaça diretamente a vaga do senador Irajá Abreu (PSD), que amarga baixos índices de intenção de voto.

O peso das pesquisas

• Em abril de 2025, sondagem do Paraná Pesquisas apontou Wanderlei com 52,9 % das intenções de voto, contra 32,5 % de Eduardo Gomes (PL) e apenas 17,8 % de Irajá Abreu.

  
  

• Outro levantamento mostrou Wanderlei com 31,8 %, seguido por Gomes (11,9 %) e Irajá (10,1 %), com um terço do eleitorado ainda indefinido.

  
  

  Esses números evidenciam que, mesmo fora do cargo, Wanderlei ainda é a maior força eleitoral do Tocantins.

  
  

A ameaça à sobrevivência de Irajá

Se decidir concorrer ao Senado, Wanderlei deixará Irajá em situação delicada. A “escopeta” apontada não é mera metáfora: os números provam que sua candidatura pode destruir as chances de reeleição de Irajá, ainda mais diante da presença consolidada do senador Eduardo Gomes, que também busca manter sua vaga.

O paralelo histórico

A política tocantinense já testemunhou episódios semelhantes. Em 2010, mesmo após ser cassado, Marcelo Miranda (PMDB) voltou à cena e foi eleito senador, conquistando 340.931 votos (25,41 %), superando lideranças tradicionais como Vicentinho Alves (PR) e Paulo Mourão (PT). O resultado mostrou que um político forte, ainda que desgastado ou afastado, pode mobilizar massas e romper com as estruturas tradicionais.

Conclusão crítica

Afastado por decisão judicial, Wanderlei Barbosa pode retornar ao jogo político justamente pela porta mais alta: a disputa ao Senado. Se isso acontecer, a vaga de Irajá Abreu estará em sério risco. No fim das contas, ao articular-se com Laurez e com setores do governo interino, Irajá pode ter dado um tiro no próprio pé — e agora enfrenta a ameaça real de perder seu espaço para aquele que parecia fora do tabuleiro.