
A segurança pública do Tocantins atravessa um período crítico, marcado por tensões internas e aumento nos índices de violência. No primeiro semestre de 2023, o estado registrou um alarmante aumento de 8,6%, durante o mencionado ano, os homicídios chegaram a ultrapassar 200%, em comparação ao mesmo período de 2022, totalizando 227 vítimas. Esse crescimento colocou o Tocantins entre os estados brasileiros com maior elevação nos índices de assassinatos. Agora, em 2025, os primeiros dias do ano mostram que a situação permanece longe de estar controlada, ampliando a preocupação entre a população e as forças de segurança.
Em meio a esse cenário preocupante, a possível nomeação do delegado Bruno Azevedo, atual presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Tocantins (Sindepol), para o cargo de secretário de Segurança Pública tem gerado forte oposição. O Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Tocantins (Sinpol-TO) expressou veementemente sua discordância, afirmando que a indicação representa "a concretização de vaidades pessoais" e compromete a valorização dos profissionais que atuam diariamente no combate à criminalidade. O presidente do Sinpol-TO, Ubiratan Rebello, destacou que a categoria não aceitará "de forma alguma" a nomeação de Bruno Azevedo para a SSP, não descartando a possibilidade de paralisações em protesto. A diretoria do sindicato reforçou seu compromisso em cumprir as deliberações da Assembleia Geral, sinalizando que medidas mais drásticas podem ser adotadas caso o governo insista na nomeação.
A insatisfação não se limita ao Sinpol-TO. O Sindicato dos Peritos Oficiais do Tocantins (Sindiperito) também expressou grande preocupação com a possível escolha. Em nota, a Diretoria do Sindiperito destacou os riscos de um presidente de sindicato com interesses específicos assumir a liderança de uma corporação que já enfrenta dificuldades estruturais, agravadas pela falta de diálogo e de isonomia nas demandas da Polícia Civil. Para a entidade, a situação atual, marcada por conflitos desnecessários, tem impactado negativamente a qualidade do serviço prestado à população, evidenciado pelo aumento dos indicadores criminais desde 2023.
Diante desse quadro, o Sindiperito defende a necessidade urgente de uma reforma administrativa na pasta da segurança pública. Segundo a diretoria, é fundamental estabelecer uma gestão que promova comunicação efetiva e aberta com todas as classes da Polícia Civil e outros órgãos de segurança. Apenas uma abordagem colaborativa, livre de interesses individuais, será capaz de restaurar a confiança no sistema e garantir uma prestação de serviço integrada e eficiente à população.
O governo estadual, até o momento, não apresentou soluções efetivas para conter a escalada da violência nem para mediar os conflitos internos nas forças de segurança. A indicação de Bruno Azevedo, vista por muitos como uma decisão política desconectada das necessidades reais da segurança pública, ameaça desestabilizar ainda mais o setor.
Em meio a esse turbilhão, a senadora Dorinha Seabra (UB) foi mencionada em discussões sobre a indicação de nomes para o comando da SSP. No entanto, a parlamentar negou qualquer envolvimento, afirmando que, apesar de sua parceria em projetos relacionados à segurança pública, não participou da escolha de lideranças para a secretaria.
A crise na segurança pública do Tocantins exige uma resposta urgente e eficaz. A insistência em uma nomeação amplamente rejeitada pelas principais categorias policiais pode resultar em paralisações, comprometendo ainda mais a segurança da população. É imperativo que o governo promova um diálogo aberto com todas as partes envolvidas, buscando uma solução que priorize a eficiência na gestão da segurança pública e a valorização dos profissionais que nela atuam.
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