Amastha deixa mandato e abre vaga para suplente que já foi preso com R$ 300 mil e santinhos no carro
- Wasthen Menezes
- há 2 horas
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O vereador Carlos Amastha (PSB), conhecido por seu histórico como ex-prefeito de Palmas e figura controversa da política local, anunciou nesta quinta-feira (26) que deixará temporariamente seu mandato legislativo na Câmara de Palmas para assumir a Secretaria da Zeladoria Urbana da Capital. O convite partiu do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos), com quem Amastha mantém estreita relação política desde o início da atual legislatura.
O movimento é tratado por Amastha como uma ação “em nome da base”, com a justificativa de que a política deve ser construída “em conjunto”, dando espaço aos suplentes. O problema é que esse espaço agora será ocupado por um nome que carrega um passado inquietante e um presente ainda mais questionável.
Suplente envolvido em escândalo
Quem assume a cadeira deixada por Amastha é João Petion Corado (PSB), policial civil e, sobretudo, pivô de um escândalo que ainda ecoa nos corredores da Justiça Eleitoral. Em 2020, Petion foi preso pela Polícia Federal após ser flagrado com R$ 300 mil em espécie e uma caixa repleta de “santinhos” eleitorais no carro. O caso, embora abafado à época, volta à tona com sua ascensão ao cargo público.
Segundo a PF, a prisão ocorreu após denúncia anônima de possível compra de votos, o que fere diretamente o artigo 299 do Código Eleitoral. Petion alegou que o valor era fruto de vendas de imóveis e seria usado para a compra de uma fazenda, alegação que, até hoje, levanta mais dúvidas do que certezas — especialmente pelo fato de que o dinheiro estava misturado com propaganda eleitoral.
Mesmo após pagar fiança e responder em liberdade, o episódio nunca foi satisfatoriamente esclarecido. Seu celular foi apreendido, e testemunhas afirmaram desconhecer o destino da quantia retirada. Até o momento, não há registro de absolvição, arquivamento ou sentença que limpe completamente a ficha do novo vereador.
PSB tenta blindar a imagem
À época do acontecimento dos fatos, em nota, o PSB estadual se apressou em defender Petion, alegando que o episódio “não tem relação com o processo eleitoral” e que ele sempre demonstrou “compromisso com princípios éticos”. O partido é presidido justamente por Carlos Amastha, que agora passa o bastão para o correligionário sob suspeita.
A nota, embora diplomática, beira o cinismo: se não há relação eleitoral, o que faziam santinhos eleitorais junto com os R$ 300 mil em dinheiro vivo? A tentativa de blindagem institucional do PSB parece mais uma manobra para desviar o foco da real gravidade do caso.
De promessas a retrocessos
A ida de Amastha para a Zeladoria Urbana pode até parecer técnica, mas não deixa de ser uma escolha política carregada de implicações. Em vez de manter seu mandato e seguir na fiscalização das ações do Executivo, o vereador opta por um cargo com pouca visibilidade e impacto limitado. Com isso, sacrifica uma cadeira legislativa em nome de acordos políticos e acaba premiando um suplente cuja reputação está longe de ser ilibada.
A população de Palmas merece mais do que esse jogo de cadeiras. Merece políticos comprometidos com a ética e a transparência — valores que, neste caso, foram relegados a segundo plano. O que se vê, ao fim, é um retrato cruel da política local: onde a oportunidade de governar serve mais como moeda de troca do que como serviço ao público. E onde escândalos não afastam, mas aproximam os investigados do poder.
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